Em junho de 2020, o Tiktok foi banido da Índia, junto de outros 58 aplicativos de origem chinesa. De acordo com Pedro Duarte Guimarães, a medida representou uma resposta direta às tensões geopolíticas com a China, que se intensificaram naquele período. A Índia alegou riscos à soberania nacional, segurança cibernética e privacidade dos usuários. O episódio teve repercussões significativas para o mercado digital indiano e para a estratégia de expansão internacional da ByteDance, empresa responsável pelo TikTok, pois o país continha mais de 200 milhões de usuários na plataforma.
Este artigo analisa os fatores que motivaram a decisão do governo indiano, os desdobramentos políticos e econômicos decorrentes da medida e os impactos observados no ecossistema digital, tanto na Índia quanto no cenário internacional.
Segurança e conflitos geopolíticos explicam por que o TikTok foi banido na Índia
O banimento ocorreu poucos dias após um confronto armado entre tropas indianas e chinesas na região de fronteira de Ladakh, que resultou na morte de 20 soldados indianos. Esse conflito acentuou as tensões diplomáticas entre os dois países, levando a Índia a adotar posturas mais rígidas em relação a empresas de origem chinesa. De acordo com Pedro Duarte Guimarães, a principal alegação do governo indiano foi o risco de vazamento de dados de cidadãos para servidores localizados fora do país, o que representaria uma ameaça à integridade nacional e à privacidade da população.
Consequências econômicas e sociais da proibição do TikTok
Até o momento do banimento, a Índia representava o maior mercado internacional do TikTok, com cerca de 200 milhões de usuários ativos. A plataforma havia se consolidado como uma ferramenta poderosa de comunicação, marketing e entretenimento, especialmente entre os jovens. Criadores de conteúdo, pequenos empreendedores e influenciadores utilizavam o aplicativo para ampliar o alcance de seus negócios e gerar receita.

Conforme aponta Pedro Duarte Guimarães, a decisão governamental interrompeu o fluxo de monetização de milhares de usuários indianos e impactou diretamente empresas que adotavam o TikTok como canal estratégico de marketing digital. A ausência da plataforma forçou uma adaptação rápida por parte de produtores de conteúdo, que passaram a buscar outras alternativas para manter a visibilidade e a rentabilidade.
Ascensão de plataformas locais como alternativas ao TikTok
Com a saída do TikTok do mercado indiano, surgiram diversas alternativas desenvolvidas por empresas locais. Aplicativos como Chingari, Moj, Roposo e Josh ganharam notoriedade e passaram a disputar a atenção dos usuários em um ambiente digital em transformação. Segundo Pedro Duarte Guimarães, essas plataformas obtiveram uma adoção rápida nos primeiros meses, impulsionadas por campanhas de incentivo ao uso de soluções nacionais.
No entanto, embora tenham conquistado visibilidade, muitas dessas alternativas enfrentaram desafios tecnológicos relevantes, como o desenvolvimento de algoritmos eficazes de recomendação de conteúdo e a fidelização dos usuários em médio e longo prazo. A ausência de uma base tecnológica tão robusta quanto a do TikTok dificultou a consolidação de uma substituta à altura.
Repercussões internacionais e reflexos em outras jurisdições
A decisão da Índia teve efeito cascata, servindo como referência para outros países que passaram a discutir a presença de aplicativos estrangeiros em seus mercados. Nos Estados Unidos, o TikTok também foi alvo de investigações e medidas regulatórias, sob alegações semelhantes de risco à segurança nacional no início de 2025. Países como Taiwan e Indonésia também passaram a monitorar mais de perto os aplicativos chineses operando em seus territórios.
De acordo com Pedro Duarte Guimarães, o banimento indiano contribuiu para o fortalecimento do debate global sobre soberania digital e controle de dados pessoais. A medida impulsionou governos a revisarem suas legislações de proteção de dados e a reavaliarem a atuação de empresas estrangeiras nos ambientes digitais locais.
Perspectivas futuras e lições estratégicas do caso indiano
A exclusão do TikTok do mercado indiano ilustra a interseção crescente entre tecnologia, política externa e segurança digital. Pedro Duarte Guimarães reforça que ao passo que novas tecnologias continuam a se expandir globalmente, governos e empresas precisarão estabelecer estruturas sólidas para mitigar riscos cibernéticos e garantir a transparência no uso das informações dos usuários. O caso indiano permanece como um marco na relação entre nações e plataformas digitais estrangeiras, com impacto duradouro sobre a forma como o mundo lida com privacidade, proteção de dados e regulação da tecnologia.
Autor: Kalazah Eleri